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Adaptação

Ações de extensão da UNILA migram para o ambiente virtual devido à pandemia

As atividades tiveram de ser transformadas e adaptadas para novas ferramentas e para as mídias sociais, principal meio de comunicação com a comunidade.

Publicado em 26/01/2021 às 23:16

(Foto: Divulgação)

O ano de 2020 foi o ano da reinvenção. De pessoas, de empresas, de serviços e também de projetos. E foi isso que os coordenadores de ações de extensão da UNILA tiveram de fazer para manter suas atividades em desenvolvimento. E o desafio não foi fácil. A extensão é a atividade que coloca a universidade e o conhecimento produzido em salas de aula e nas pesquisas em contato muito próximo com a comunidade, por meio de cursos, eventos, atividades com grupos, instituições e escolas.

Um levantamento conduzido pela Pró-Reitoria de Extensão (PROEX) mostra que, apesar das dificuldades impostas pela pandemia, a maioria das atividades foi desenvolvida em 2020, mas precisaram ser modificadas. Dos que responderam à pesquisa, 93,3% afirmaram que estavam realizando suas atividades em alguma plataforma virtual.

Material didático do projeto Entendendo os fenômenos da natureza

Em muitos casos, não bastou passar para a internet aquilo que era desenvolvido presencialmente. Muitas atividades tiveram de ser adaptadas, outras tiveram mudança no público atendido. Voltada para crianças com autismo, a ação “Entendendo os fenômenos da natureza” seria aplicada em uma escola da rede municipal de Foz do Iguaçu com atendimento direto aos estudantes, mas se transformou em conteúdo de mídia social para orientar pais e professores durante as aulas remotas, que se estenderam por todo o ano de 2020. “Como as escolas pararam, como é que a gente iria continuar?”, esse foi o questionamento que levou a professora Márcia Scheer, do curso de Geografia, e a sua bolsista, Mayara Rodrigues, a criarem uma página no Facebook para a postagem de materiais didáticos alternativos, desenvolvidos com materiais reciclados e de baixo custo, e que pudessem auxiliar professores e pais durante as aulas remotas.

Hoje, a página tem 250 seguidores e foi divulgada para estudantes e docentes de outras universidades, como a Universidade Federal do Mato Grosso e a Unipampa. O trabalho rendeu também um artigo que será publicado na Revista Ciência Geográfica. “Houve dificuldades, foram várias, mas de modo geral conseguimos um público que não iríamos alcançar, conseguimos expandir para um público diferente. A página vai ficar e vai sendo enriquecida”, comenta Márcia.

Rafael Palmeira é servidor técnico-administrativo na UNILA, atuando na PROEX, e também é coordenador da ação de extensão “UNILA ao seu alcance”, atividade que divide com outros dois servidores da mesma pró-reitoria. Para eles, as dificuldades vieram em dobro: além de modificar um projeto desenvolvido em escolas da região, eles tiveram de aprender a lidar com novas plataformas para auxiliar outros coordenadores que também precisaram adaptar suas ações. “Tivemos de aprender a usar o Moodle e ainda dar conta de nosso próprio projeto”, exemplifica Rafael. O Moodle é uma plataforma de apoio à aprendizagem, executada num ambiente virtual e que permite a criação de cursos, páginas de disciplinas, grupos de trabalho e comunidades de aprendizagem. Além do Moodle, o levantamento da PROEX mostra que os coordenadores de projetos de extensão utilizaram outras 14 plataformas e ferramentas, com destaque para o Google Classroom (15,5%), YouTube (15,5%), Google Meet (15,5%), Whatsapp (9,5%), Facebook (9,5%) e Instagram (9,5%).

O maior volume de trabalho para as equipes de projetos de extensão foi registrado logo no início da pandemia, com a suspensão das aulas nas escolas e também na universidade. “A gente chegou a pensar em suspender a nossa ação, mas conseguimos encontrar nas redes sociais uma alternativa”, comenta Rafael. A dedicação do estudante Mateus Ferreira da Silva, bolsista do projeto, foi determinante, conta Rafael.

As adaptações do projeto foram desafiadoras em muitos sentidos. “Foi um desafio muito grande, trabalhamos na extensão em contato direto com a comunidade e de repente nos vimos privados de estar com esse contato, olho no olho, olhar o rosto das pessoas, conversar presencialmente”, lamenta Rafael. O "UNILA ao seu Alcance" leva para estudantes do ensino médio de Foz do Iguaçu e região informações sobre o Enem, Sisu e sobre a universidade, e tem um contato muito direto também com professores e trabalhadores da educação.

Outro desafio foi adaptar a forma de trabalho e buscar entender o público que estava sendo atingido pelas postagens. “Quando nós trabalhamos na divulgação dos vídeos produzidos pelo bolsista, não sabíamos exatamente com quem estávamos interagindo. Sabíamos que a maior parte do público era estudantes que estavam finalizando ou já haviam finalizado o ensino médio e iriam fazer o Enem, mas não temos como saber com certeza o perfil do público que de fato estamos atingindo. Porque só aparecem números ali”, comenta.

Os resultados, mesmo com as diferenças e dificuldades, são considerados positivos por Rafael. “Tivemos um alcance bom e conseguimos, inclusive, produzir um artigo que foi submetido a uma revista com a temática da 'extensão em tempos de pandemia'”, comemora, lembrando que o ritmo intenso do projeto numa rotina normal praticamente impossibilita a produção de artigos.

Também a ser desenvolvido em escolas da cidade, o projeto “Herbário Evaldo Buttura, entre Caminhos e Saberes” foi desenhado para estimular a vivência com as plantas do cotidiano e o contato com a flora local, mas, assim como os demais, teve de ser transformado para sobreviver à pandemia. A saída foi apostar na divulgação da ciência nas mídias sociais por meio de vídeos, imagens e textos. A equipe criou, inclusive, uma série em vídeo chamada "Ensinando a Ensinar", reunindo atividades realizadas de modo presencial pelo projeto desde 2018. “A série Ensinado a Ensinar foi criada para alcançar professores e estudantes, e algumas das atividades podem ser realizadas em família, aproveitando o momento de isolamento social”, comenta a coordenadora do projeto, Laura Lima. Para ela, as redes sociais são uma ferramenta excelente, que possibilitou alcançar pessoas em diferentes países da América Latina, mas "não substitui o corpo a corpo da escola". "Por mais que a gente tenha alcançado um bom número de seguidores e pessoas que tiveram acesso às postagens e documentos produzidos, eu ainda considero que isso não substitui o que gente tem em sala de aula, a interação com os alunos e com os professores nas escolas", avalia.

O período, mesmo com as mudanças e dificuldades, proporcionou diferentes aprendizados também para os estudantes, bolsistas e voluntários, que integram as ações de extensão. “A Mayara [Rodrigues] montou a página, desenvolveu os vídeos, refez o que ela mesma achou não estar bom, teve todo um aprendizado que não iria ter. O que faltou no corpo a corpo, que infelizmente não teve, foi compensado de outra forma”, comenta a docente Márcia Scheer ao avaliar o trabalho de sua bolsista. Laura Lima também pontuou a união e o engajamento da equipe extensionista e a empolgação e o comprometimento dos alunos na produção de conteúdo, como pontos positivos das atividades durante a pandemia. "Os alunos ficaram muito felizes com o conteúdo que estavam produzindo", disse.

As avaliações de outros coordenadores que responderam ao levantamento produzido pela PROEX seguem na mesma linha: as mudanças levaram a um maior engajamento dos estudantes na busca de soluções para as ações de extensão das quais participam.

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