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Diferentes Culturas

Rede municipal de ensino tem 402 alunos migrantes de 19 países em Foz do Iguaçu

Paraguaios, venezuelanos e argentinos representam o maior número de estudantes.

Publicado em 16/08/2022 às 19:29

(Foto: Thiago Dutra/PMFI)

Cidade fronteiriça, Foz do Iguaçu sempre se diferenciou de outros municípios por receber, na rede municipal de ensino, um grande número de alunos migrantes e considerar a diversidade cultural e linguística destas crianças.

Em 2018, com o aumento no fluxo migratório, a Secretaria Municipal da Educação intensificou o Programa de Acolhimento ao Aluno Migrante/Refugiado, o que tem garantido uma melhor adaptação e o desenvolvimento destes estudantes em sala de aula. Hoje, são 402 estudantes migrantes/refugiados de 19 países matriculados em 47 das 50 escolas da rede pública. 

O maior número é de alunos paraguaios (203), venezuelanos (193) e argentinos (22), mas o sistema também acolheu crianças de Cuba, Bolívia, Equador, Haiti, Colômbia, Peru, México, Chile, Síria, Líbano, Bangladesh, Costa do Marfim, Guiana Francesa, Portugal, Angola e Espanha. 

A coordenadora pedagógica do programa de acolhimento, Liane Chichoski, conta que o fluxograma estabelecido com as escolas e as parcerias com outras secretarias, como a de Direitos Humanos e Relações com a Comunidade, também contribuem para a adaptação das crianças na rede. 

“Ao analisarmos o perfil sócio-linguístico destes alunos, conseguimos planejar as formações para os nossos professores e buscar parcerias que nos auxiliem neste trabalho”, explica. “Muitas vezes, a própria comunidade árabe nos ajuda com o acolhimento de um aluno e a interação dele com a nova escola”, completou.

Respeito à diversidade

Na Escola Parigot de Souza, onde estudam alunos da Venezuela, Síria, Paraguai e Argentina, a diversidade cultural e linguística nunca foi uma barreira. Tanto é que a unidade recebeu recentemente o Prêmio Ibero-Americano de Educação Intercultural Bilíngue, que reconhece as experiências educacionais de interculturalidade e bilinguismo nas escolas da rede pública.

 “Tentamos sempre nos aproximar da língua materna deles [alunos]. Temos professores que falam o inglês e o espanhol, e auxiliam muitas vezes com as traduções, mas em sala utilizamos objetos e todas as ferramentas possíveis para uma interpretação, sempre valorizando a cultura de cada um”, explica a coordenadora da escola, Viviane Marques. 

No início deste ano, a unidade de ensino recebeu seu primeiro aluno sírio, o pequeno Jad Assani, de 6 anos. A família conta que foi muito bem recebida na escola e que Jad, mesmo com a pouca idade, aprende com muita facilidade. “Ele já falava o inglês e aprendeu o português muito rápido. Ninguém obrigou ele aprender, foi algo muito natural e nós também estamos aprendendo. Ele é muito feliz na escola e está aprendendo também o espanhol” disse o pai, Ahmad Assani. 

Segundo ele, a família deixou a Síria em busca de melhores condições de vida no Brasil. “A educação e a saúde são gratuitas, o que ajuda a gente a ficar aqui. Temos parentes e muitos amigos da comunidade árabe que incentivaram a gente vir para o Brasil”, contou Assani. 

Por conta da crise econômica na Argentina, Nilda Moreira e a família deixaram a capital, Buenos Aires, e se mudaram para Foz do Iguaçu há seis meses. A filha, Juana, de 7 anos, também está matriculada na Escola Parigot. “Eu fico muito contente e feliz por ela, que foi tão bem recebida. As professoras entendem, ajudam muito e estão sempre em contato comigo”, disse a mãe. 

Das 50 escolas da rede municipal, 47 possuem alunos migrantes. O levantamento nos Cmeis (Centro Municipal de Educação Infantil) está sendo feito pela coordenação do programa de acolhimento.

Atendimento

A legislação brasileira determina que estrangeiros têm direito ao acesso à educação da mesma forma que as crianças e os adolescentes brasileiros, conforme expresso pela Constituição Federal, pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e pela Lei da Migração. Além disso, a Lei dos Refugiados garante que a falta de documentos não pode impedir o acesso à escola.

As famílias migrantes podem buscar diretamente a escola mais próxima para efetivar a matrícula ou procurar a Secretaria Municipal da Educação, no complexo Bordin.

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