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Réu fica em silêncio durante audiência de instrução no caso Marcelo Arruda

Uma das alegações dos advogados de defesa foi de que o cliente não se lembra dos fatos ocorridos na noite do homicídio.

Publicado em 28/09/2022 às 18:29

(Foto: Portal da Cidade - Bruno Zanette)

Orientado pelos advogados de defesa, o policial penal federal Jorge Guaranho permaneceu em silêncio durante as perguntas feitas em audiência de instrução na tarde desta quarta-feira (28) por videoconferência. Guaranho é réu por homicídio duplamente qualificado contra o guarda municipal e tesoureiro do Partido dos Trabalhadores) Marcelo Arruda, ocorrido em Foz do Iguaçu, na noite de 9 de julho deste ano.

Uma das alegações dos advogados de defesa foi de que o cliente não se lembra dos fatos ocorridos durante a festa de aniversário de 50 anos de Arruda, da qual Guaranho não era convidado, mas foi até lá, após ver por imagens das câmeras de segurança a decoração com a temática do PT e do ex-presidente Lula. Jorge Guaranho é apoiador declarado do atual Presidente da República e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) e segue em prisão preventiva no Complexo Médico-Penal (CMP) em Pinhais (PR), Região Metropolitana de Curitiba.

O depoimento durou aproximadamente dez minutos e foram feitas perguntas tanto pelo juiz da 3ª Vara Criminal de Foz do Iguaçu, Gustavo Arguello, quanto por representantes do Ministério Público (MP-PR). Em determinado momento, ao ser questionado sobre o trabalho como agente penal federal, a defesa de Guaranho interrompeu e o réu não respondeu mais.

A defesa de Guaranho alegou que precisa mais prazo para apresentar a defesa. A alegação é de que o laudo em que mostra a posição de cada pessoa no dia do crime, chamado de “croqui”, só foi anexado ao processo na terça-feira (27). Segundo a defesa, o laudo será usado para contrapor as alegações quanto a qualificadora do crime de perigo comum. Essa defesa será apresentada por escrito. A princípio o juiz queria que fosse de maneira oral, mas os advogados conseguiram alterar. O prazo pode ser de cinco a 20 dias. Depois desse prazo, o juiz vai decidir se Jorge Guaranho vai ou não a júri popular. Durante esse período, o réu segue preso no CMP.

Em nota, a defesa de Marcelo Arruda afirmou que “homicídio qualificado é crime hediondo, qualquer que seja a qualificadora” e que Guaranho colocou em risco a vida de pessoas, com Marcelo agindo apenas para evitar que mais pessoas fossem mortas. A nota prossegue, dizendo que “estão provados os fatos descritos na denúncia que o réu Guaranho deve responder por homicídio duplamente qualificado".

Mesmo após alvejado por disparos de arma de fogo, Marcelo Arruda conseguiu revidar e acertar seis tiros em Jorge. No chão, o policial penal federal ainda foi agredido com chutes em diferentes partes do corpo por convidados que retornaram à festa após se esconderem do tiroteio. Essas agressões são investigadas em um inquérito à parte.

Marcelo não resistiu aos ferimentos e morreu na madrugada de 10 de julho, enquanto que Jorge Guaranho ficou internado por cerca de um mês sob custódia policial, até ser transferido para o CMP, em Pinhais.

Pedido por justiça

Antes do início da audiência de instrução, familiares e amigos da vítima Marcelo Arruda se reuniram em frente ao Fórum de Justiça Estadual, em Foz, e exibiram cartazes pedindo por justiça. “Independente da decisão da sentença, nunca mais teremos o Marcelo com a gente, não poderei mais comemorar um Dia dos Pais junto com ele, nunca mais terei a oportunidade de abraçar ele de novo, mas a gente sempre espera que a justiça possa prevalecer. Algo pelo que a gente anseia, são noites sem dormir, a gente vai lutar sempre por isso, não iremos descansar até que o assassino possa pagar pelos atos que cometeu”, disse o filho mais velho de Marcelo, Leonardo.


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