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Condenados por corrupção retornam à Câmara Municipal de Foz do Iguaçu

Grupo de vereadores presos ao final de 2016 e cassados em junho de 2017 voltarão a sentar no banco dos réus na próxima semana.

Publicado em 08/08/2019 às 00:10
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(Foto: Divulgação / CMFI)

O cenário nebuloso que paira sob a Câmara Municipal de Foz do Iguaçu, região Oeste do Paraná, desde a deflagração da “Operação Pecúlio”, em abril de 2016, teve um novo capitulo na manhã desta quinta-feira (08). Considerada a segunda maior operação de combate à corrupção feita pela Polícia Federal (PF) na história recente do país, atrás apenas da Lava Jato em número de denunciados (155, no total de oito fases), a investigação desbaratinou o esquema de corrução que transformou a prefeitura e o legislativo num balcão de negócios.

Em dezembro de 2016, durante deflagração da 5ª fase da operação, 13 dos 15 vereadores foram presos suspeitos de receber uma espécie de “mensalinho” em troca de apoio político aos projetos de interesse do então prefeito Reni Pereira, apontado à época pelo Ministério Público Federal (MPF) como chefe do esquema. Em julho de 2017, cinco vereadores reeleitos para a atual legislatura terminaram cassados por quebra de decoro parlamentar em razão das prisões no ano anterior. As defesas dos políticos cassados recorreram e, com base em uma decisão do Tribunal de Justiça do Paraná proferida no mês passado, três deles já conseguiram reverter as respectivas cassações. A expectativa é que os outros dois consigam o mesmo direito por extensão da decisão do TJ-PR. A primeira recondução foi no dia 30 de julho. A data marcou o retorno da vereadora Anice Gazzaoui. Ao todo, a parlamentar responde a oito condutas criminosas denunciadas no âmbito da 5ª fase da operação.

Já nesta quinta-feira foi a vez de Edílio Dall’Agnol e Darci Siqueira reassumirem suas cadeiras. “A bíblia diz que todas as coisas contribuem para o bem daquele que ama a Deus. A Justiça está sendo feita e hoje volto a exercer meu mandato. Tenho que dar satisfação ao povo que me elegeu e a minha família. Tudo é experiência. Precisamos olhar pra frente e fazermos o que é certo”, discursou.

Ao comentar sua recondução ao cargo de vereador, Darci Siqueira garantiu que volta com a cabeça erguida. “Entro pela porta da frente, de cabeça erguida e com a consciência tranquila. Sei o que eu fiz, sei da minha inocência. Tudo isso será provado. Meu retorno acontece porque é um direito meu. Fui eleito pelo povo e confio na Justiça. Ao final, a verdade vai prevalecer”, garantiu.

A cerimônia foi conduzida pelo presidente da Câmara, vereador Beni Rodrigues. Juntamente com Edílio e Darci, o trio foi condenado por corrupção em dezembro de 2017, no âmbito da ação que foi ajuizada após as primeiras quatro etapas de investigações. De acordo com o MPF, os parlamentares exigiram a contratação de familiares e de conhecidos por empresas terceirizadas em cargos comissionados na prefeitura em troca de apoio político aos projetos de interesse do ex-prefeito. A pena imposta a cada um foi de dois anos de prisão, substituídos por prestação pecuniária de R$ 10 mil e prestação de serviços comunitários.

Depoimentos

Por também figurarem como réus no segundo processo ajuizado no bojo da “Operação Pecúlio”, o presidente da Câmara e os demais três vereadores recém empossados sentarão novamente no banco dos réus perante a Justiça Federal ainda neste mês de agosto. “Estaremos com a juíza para demonstrar nossa inocência. Com certeza a gente é inocente”, resumiu Edílio Dall’Agnol. Nesta ação, o vereador terá de responder a 22 condutas criminosas, Darci 21 e Beni 1.

“Desejo boas vindas aos novos vereadores. Tive a oportunidade de trabalhar com Edílio e Darci em outras legislaturas, e conheço bem a índole deles, sei o quanto cobram e o quanto a cidade vai ganhar. Vamos juntos trabalhar em prol da população. O que importa agora é a união de todos os vereadores pelo bem da nossa cidade”, concluiu o presidente da Casa, Beni Rodrigues.

A PF estima que mais de R$ 30 milhões tenham sido desviados em obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e em serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) contratados para serem executados no município sob o comando do ex-prefeito Reni Pereira (PSB). O ex-prefeito responde a mais de 400 condutas criminosas.

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