Alvo de protestos durante a passagem de sua caravana pelo Sul, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta segunda-feira (26) que irá resistir aos ataques violentos. "Não aceitamos virar a outra face. Não nascemos para bater, mas não vamos apanhar", afirmou nesta noite, em ato em Foz do Iguaçu.
O petista foi mais uma vez recebido com protestos, como aconteceu em quase todas as cidades pelas quais passou em sua viagem pelo Sul, iniciada há uma semana. O acesso à cidade foi dificultado por uma nova manifestação de ruralistas.
"Hoje aqui em Foz e em Francisco Beltrão, a Polícia Militar colocou ordem. Nunca tinha pensado que enfrentaríamos esse tipo de violência. Mas nós vamos terminar nossa caravana em Curitiba", disse a militantes, referindo-se à última parada de seu tour, na quarta-feira, na capital paranaense.
No ato, o petista fez uma retrospectiva sobre as cidades em que enfrentou protestos. "Em Passo Fundo, o reitor estava pronto para me receber na universidade de medicina. E outra vez não permitiram. (...) Em Chapecó (SC), tentaram evitar que meu avião pousasse. Passaram o dia inteiro na porta do hotel provocando. Houve muita briga, um bando de fascista", disse.
O evento ocorreu poucas horas após o TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) negar um recurso de Lula contra a sua condenação em segunda instância no caso do tríplex do Guarujá (SP). Em Foz, o ex-presidente disse não respeitar a decisão do tribunal e afirmou que agora, "mais do que nunca", quer voltar ao Palácio do Planalto. Ele é o pré-candidato do PT à Presidência.
"Eu não respeito a decisão porque minha neta não vai precisar ter vergonha de um avô covarde. Eu quero agora mais do que nunca ser candidato à Presidência da República", discursou. "Ninguém é dono de uma coisa uma coisa que não tem. Eles dizem que o apartamento, é meu mas eu não tenho. Não posso permitir que digam que sou dono de uma coisa que não sou, e estou brigando em defesa da minha inocência."
O petista também voltou a dizer que espera que o STF (Supremo Tribunal Federal) julgue o mérito de seu pedido de habeas corpus contra a prisão após análise de recursos na segunda instância. O julgamento está marcado para o dia 4 de abril.
"Eles não sabem o que é um pernambucano com 72 anos de idade! O respeito que eu quero que eles tenham comigo é julgar o mérito do processo. Me prender pra me tirar da rua? Eu estarei na rua pelas pernas de vocês", disse.
Lula alegou ser vítima de um golpe, assim como a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que sofreu impeachment em 2016. "Respeito é bom. Temos que aprender a dar, mas também temos que exigir que eles tenham. Já deram golpe militar em toda a América Latina, agora sofisticaram o golpe", disse.
Ao terminar o discurso de uma hora, Lula reafirmou sua candidatura. "Não se preocupem com o que está acontecendo comigo, se preocupem com o que está acontecendo com esse país. (...) Mesmo que eu tiver um minuto de vida será dedicado a recuperar a soberania desse país."