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Saúde

Casos de Sífilis Congênita em Foz aumentaram 60,4% em três anos

Transmitida da mãe para o bebê, 33 novos casos foram registrados somente de janeiro a junho.

Publicado em 02/10/2018 às 04:43

(Foto: Divulgação)

A sífilis, também conhecida como Lues, é uma infecção sexualmente transmissível (IST), causada pela bactéria Treponema pallidum, e uma das principais preocupações de descontrole dessa doença é a infecção de mulheres em idade reprodutiva, a patologia afeta um milhão de gestantes por ano em todo mundo, levando a mais de 300 mil mortes fetais e neonatais.

Transmitida da mãe para o bebê, a sífilis congênita fez 33 novos casos em Foz do Iguaçu somente de janeiro a junho de 2018, e isso tem preocupado pediatras, infectologistas e profissionais que compõem a rede de atendimento pública e privada.

Pensando nesse problema, o Hospital Ministro Costa Cavalcanti (HMCC) tem trabalhado fortemente para detectar a Sífilis antes do parto, para que seja realizado o tratamento logo após o nascimento do bebê. 

Reflexo da falta de diagnóstico precoce e de tratamento correto da gestante infectada, por parte da atenção básica ou mesmo por desinteresse da mãe, as notificações de sífilis congênita na cidade iguaçuense vêm aumentando nos últimos anos. 

De acordo com o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), em 2015 houveram 17 casos; 2016 foram 26, e em 2017, 43 novos casos. “Por ter consequências muito graves, é fundamental realizar o teste para detectar a doença durante o período pré-natal (durante a gravidez). Muitas vezes o diagnóstico das lesões primárias passa desapercebido, o que dificulta a sua detecção e pode levar a uma evolução do quadro para a fase secundária e terciária. A bactéria causadora pode atravessar a barreira placentária infectando o feto e quando isso acontece, o bebê adquire a chamada Sífilis Congênita (SC), cuja incidência tem aumentado muito nos últimos anos”, explica Dr Luiz Geraldo.

De acordo com o obstetra, quando o resultado for positivo, deve se tratar corretamente a mulher e o seu parceiro. Só assim se consegue evitar a transmissão da doença ao bebê. “Os exames de sangue podem ser realizados em qualquer unidade de saúde ou laboratório. Mas é importante frisar que é por meio da educação e da prevenção das doenças sexualmente transmissíveis, como o uso do preservativo, que será possível prevenir o avanço da doença que está preocupando as autoridades de saúde”, contribui Dr Luiz Geraldo.

Segundo o pediatra Dr José Antônio Rodrigues Junior, a SC é preocupante e pode causar má-formação, aborto ou, até, morte do bebê. “Assim que diagnosticado com Sífilis Congênita, o bebê passa por uma série de exames invasivos, permanece pelo menos 10 dias na Unidade Neonatal e tem grandes chances de ter problemas no sistema nervoso, anemia profunda, lesões ósseas e adquirir outra infecção”. O pediatra explica que os números têm sido tão relevantes e tem impactado o fluxo da UTI Neonatal do HMCC. “Tivemos momentos que dos 10 recém nascidos internados, seis tinham sífilis”, frisa Dr José Antonio.

Após a alta do Hospital Costa Cavalcanti, a mãe recebe um encaminhamento para que a criança seja tratada no consultório referência do município. “O tratamento dura cerca de dois anos, tem cura, mas o bebê pode ou não ficar com alguma sequela” explana Dra Conceição Woytovetch, médica infectologista do HMCC e responsável pelo ambulatório de Infecção Congênita do Sistema Único de Saúde (SUS).

Números no Brasil - De 1998 a junho de 2017, foram notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) 159.890 casos de SC em menores de um ano de idade, dos quais 70.558 (44,1%) eram residentes na Região Sudeste, 49.585 (31,0%) no Nordeste, 17.257 (10,8%) no Sul, 13.625 (8,5%) no Norte e 8.865 (5,5%) no Centro-Oeste (BRASIL, 2017).

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