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A partir de Biogás

Foz do Iguaçu recebe a primeira planta de produção de petróleo sintético

Unidade de Produção de Hidrocarbonetos Renováveis, instalada nas dependências da Itaipu vai produzir 6kg/dia de bio-syncrude - mistura de hidrocarbonetos.

Publicado em 14/06/2024 às 16:04

Meramente ilustrativa (Foto: Divulgação)

O Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás) e a Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável, por meio do projeto H2Brasil, inauguram, no dia 17 de junho, a primeira planta piloto do Brasil para produção de petróleo sintético a partir do biogás, com foco na produção de combustível sustentável de aviação (Sustainable Aviation Fuel – SAF).  

Com investimento de 1,8 milhão de euros do governo alemão, especificamente do Ministério Federal da Cooperação Econômica e Desenvolvimento da Alemanha (BMZ), a Unidade de Produção de Hidrocarbonetos Renováveis, instalada nas dependências da Itaipu Binacional vai produzir 6kg/dia de bio-syncrude – uma mistura de hidrocarbonetos sintetizada a partir de biogás e hidrogênio verde, que será destinada à produção de SAF.  

A planta piloto utiliza até 50 Nm³/dia de biogás produzido na unidade de biodigestão da Itaipu Binacional como principal fonte de carbono para a produção dos hidrocarbonetos. Além disso, é utilizado 53 Nm³/dia de hidrogênio verde produzido pelo Parque Tecnológico Itaipu (PTI).  

Este projeto é fruto da parceria entre a Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável, o Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás), a Universidade Federal do Paraná (UFPR), a Fundação Araucária, o Parque Tecnológico Itaipu (PTI) e a Itaipu Binacional. 

Estes investimentos estão relacionados diretamente aos esforços do Governo Federal do Brasil frente à transição energética. Isso porque, o investimento em novas fontes de energia sustentáveis é fundamental para mitigar os efeitos das mudanças climáticas que atingem todo o planeta. Nesse contexto, a Itaipu Binacional, como a maior produtora de energia limpa e renovável do mundo, desempenha um papel crucial com seus objetivos estratégicos alinhados ao desenvolvimento energético e tecnológico do Brasil. "A planta de bio-syncrude combina o biogás produzido na unidade de demonstração da Itaipu, que operamos desde 2017, com o hidrogênio verde do PTI, que operamos há dez anos, transformando-o em um novo ativo totalmente renovável, mirando na descarbonização do setor de transporte. Com isso, nós reafirmamos seu compromisso com a sustentabilidade e a inovação, contribuindo para a transição energética brasileira", explicou o diretor-geral brasileiro da empresa, Enio Verri. 

Como funcionará

O bio-syncrude produzido na planta piloto será enviado para o Laboratório de Cinética e Termodinâmica Aplicada (LACTA) da UFPR Curitiba/PR para caracterização e refino visando a obtenção de frações de combustível sustentável para aviação. Além disso, o Laboratório de Materiais e Energias Renováveis (Labmater) da UFPR em Palotina/PR, conduziu estudos sobre o processo de reforma a seco do biogás e desenvolveu os catalisadores utilizados na planta piloto. 

“Trabalhamos juntos para que esta primeira planta de bio-syncrude do país, localizada em Foz do Iguaçu possa viabilizar economicamente uma rota para produção de combustíveis verdes a partir da valorização do biogás, com ênfase no desenvolvimento do mercado de Power-to-X no estado do Paraná”, disse o diretor do projeto H2Brasil, Markus Francke.  

No âmbito da parceria entre a Cooperação Brasil-Alemanha e o CIBiogás, também foi criado um mapa dinâmico para identificar áreas com maior potencial de produção de SAF no Paraná. “Esse mapa destaca as regiões mais promissoras para a produção de bioquerosene de aviação por meio do biogás. A análise revela que o estado apresenta um potencial de produção de 15mil metros cúbicos por ano de SAF a partir do biogás gerado pelas plantas de biogás em operação mapeadas em 2022”, explicou o diretor-presidente do CIBiogás, Rafael Hernando de Aguiar Gonzalez. 

O CIBiogás é uma empresa criada há 11 anos no ambiente do ecossistema de inovação da Itaipu Binacional, o Parque Tecnológico Itaipu (PTI), e é a referência nacional em tecnologias e estratégicas de mercado para a cadeia de biogás e biometano. “Projetos dessa natureza demonstram o quanto o oeste do Paraná e seu ecossistema de inovação são importantes no desenvolvimento de setor energético brasileiro. Temas com a geração distribuída, microrredes de energia elétrica, consórcios de bioenergia, biometano, produção de hidrogênio encontraram aqui seus primeiros passos. Agora é a hora dos combustíveis avançados”, destaca o diretor superintendente do PTI, Irineu Colombo.  

A parceira conta ainda com o apoio da Fundação Araucária, que realizou contrapartida financeira por meio de investimentos no âmbito do arranjo de pesquisa e inovação em hidrocarbonetos renováveis do Estado do Paraná (NAPI HCR), que tem como objetivo promoção da organização e integração, e a coordenação de ações estruturantes voltadas à modernização e ao fomento do setor de bioenergia no estado. 

Descarbonização da aviação: um compromisso global

Com as metas climáticas estabelecidas no Acordo de Paris de descarbonização e de netzero estipuladas para os anos de 2030 e 2050, foi criado em 2016 o Esquema de Compensação e Redução de Carbono para Aviação Internacional (no original, em inglês, Carbon Offsetting and Reduction Scheme for International Aviation – Corsia). Este programa tem como objetivo central criar mecanismos de mercado e complementar os esforços de mitigação de emissões de gases do efeito estufa (GEE) do setor de aviação civil internacional, limitando o aumento das emissões previstos para os próximos anos. Assim, o setor de aviação, que é de difícil abatimento e contribui anualmente com emissões de cerca de 800 milhões de toneladas de CO2, ganha notável atenção. Como substituto aos combustíveis fósseis, os combustíveis sustentáveis de aviação podem ser obtidos a partir de diferentes rotas tecnológicas e com matérias-primas que vão de oleaginosas a biocombustíveis como etanol e biogás. Em comum, todos os insumos têm carbono, que é o principal precursor dos hidrocarbonetos constituintes do SAF.

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