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Eleições 2020

"A Saúde da cidade precisa de um choque de gestão", afirma Nelton Friedrich

O candidato do PDT é o quinto entrevistado da série de entrevistas promovida pelo Portal da Cidade.

Publicado em 08/10/2020 às 22:48
Atualizado em

(Foto: Portal da Cidade)

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Nelton Friedrich é gaúcho, da cidade de Sobradinho e tem 73 anos. Na década de 1960, mudou-se com a família para Toledo, no Oeste do Paraná. Em 1978 foi eleito deputado estadual e em 1983 deputado federal. Após um tempo morando no Rio de Janeiro, passou por Curitiba, até fixar residência em Foz do Iguaçu, onde vive até hoje, tendo sido por muitos anos um dos diretores da Itaipu e coordenador do programa Cultivando Água Boa.

Em 2018, concorreu a uma vaga ao Senado pelo PDT, o mesmo partido que busca agora ser prefeito. Tem como vice o candidato Amilton Farias, do partido Rede Sustentabilidade. A Coligação A Foz do Povo tem os partidos PDT, Rede e Cidadania.

Nelton Friedrich é o quinto entrevistado da série de entrevistas promovida pelo Portal da Cidade. Nossa série será retomada na próxima segunda-feira (12). Confira abaixo os principais trechos da entrevista e ao final do texto, o áudio completo.

Caso eleito, quais serão as primeiras medidas em seu governo?

Serão basicamente três linhas, mas a primeira é a agenda emergencial. Foz do Iguaçu é uma das cidades onde está sendo mais atingida, por conta do turismo afetado pela grave crise da pandemia e é preciso ter essa agenda de emergência. Caso eu seja prefeito, imediatamente criarei frentes de trabalho em várias áreas. Uma delas é habitação popular. A chamada construção civil gera cerca de 11% de todos os empregos no Brasil. É uma perda de tempo que Foz ainda não esteja fazendo isso. No meio da pandemia pra frente já deveríamos estar preocupados fazendo isso.

Segundo lugar, saneamento. Quantos bairros de Foz que faltam saneamento? Farei um trabalho intenso com a Sanepar, inclusive um trabalho muito grande, inclusive com todas essas articulações das forças para nós zerarmos em quatro anos, os bairros que ainda não possuem saneamento em Foz. Não é possível que uma cidade que é praticamente uma sala de visitas do mundo todo e convivendo com bairro que não tem nada de saneamento. Mas nesse contrato que vamos firmar com a Sanepar, o trabalhador terá que ser local. É uma obra no bairro? O funcionário tem que ser de lá e não vir de Curitiba ou de uma construtora sabe lá de onde.

E por último, pequenos serviços. Uma agenda de emergências pode ser arrumando calçadas que tem tantas para serem arrumadas. Ou no setor de limpezas. Em outras palavras é como é que eu faço para uma parte da economia seja movimentada com a geração de emprego em cima de emergência? Só que tem uma condição: quem entrar como desempregado para fazer esse trabalho de ser contratado, terá que ter ao menos tantas horas por semana em que ele vai fazer cursos de habilitação. Então, na crise ele terá um mínimo de remuneração, graças ao seu trabalho e ao mesmo tempo ele se certifica com uma habilitação que o ajude a ter outros empregos depois.

Uma das maiores reclamações da população é em relação ao transporte coletivo. Como resolver esses problemas e melhorar esse sistema que está atrelado ao Consórcio Sorriso?
O transporte coletivo de Foz do Iguaçu é absolutamente arcaico. Eu diria que é remédio vencido e não tomam providência. Um prefeito que ajudou assinar o contrato e fazer, já deveria ter mudado, mas não mudou. Veio outro, disse que havia problema de rituais jurídicos e também não mudou. Estamos falando de uma questão de emergência, é um abuso o que acontece. Além disso, ainda tem certo componente de bomba-relógio. Recentemente o Consórcio Sorriso ameaçou sair no auge da pandemia. Olha que falta de ética e de responsabilidade com todos os usuários, fazer uma espécie de ameaça.

É preciso rever contrato, condições e financiamento. Temos que fazer uma mudança profunda, verdadeiro choque de gestão que é preciso nesse campo. Além disso, não podemos esquecer que temos que agregar novos modais. Tem cabimento Foz do Iguaçu não ter um mapa bem cuidado e trabalhado de ciclovias? Inclusive possibilitando ter grandes conexões de ciclovias. Será que não está na hora de aproveitarmos o Centro Internacional de Biogás que está dentro do Parque Tecnológico Itaipu e já poderíamos estar com ônibus elétricos, ao menos no roteiro turístico da cidade, para o turista dizer que andou em ônibus elétrico em Foz do Iguaçu.

Outra questão é o desrespeito ao trabalhador, porque quem mais usa o transporte é quem sai de casa para trabalhar e volta pra casa. Quanto tempo está levando e quanto está custando? Até quando vai essa injustiça e essa barbaridade? É tão atrasado o que acontece em Foz, que algumas linhas de ônibus são da década de 1980, em que a centralidade da cidade estava na Vila Portes, próximo da Ponte da Amizade. Hoje temos outras centralidades. É um desrespeito com o transporte coletivo e não há transparência. Onde estão as planilhas? Onde estão os nós que estão criando esse transporte insuficiente, caro e que gera descontentamento? Minha experiência mostra que numa hora como essa deve ter conjunto de trânsito, ciclovia, calçada, mobilidade, despoluição, acessibilidade. Como um senhor de idade, uma grávida, uma mãe com carrinho de bebê vai andar com essas calçadas? É um desrespeito com o ser humano. Essa cidade tem que ser voltada para as pessoas.

Propostas da Saúde
A primeira questão da saúde é que precisa de um choque de gestão. E segundo, tem que ter um planejamento integrado e conjunto de todas as áreas de saúde. E aí, é preciso entrar nas duas grandes linhas que farei como prefeito. Uma é essa da doença, do doente. Significa a obrigação do poder público com ambulância, hospital, com médico, com unidades de saúde, funcionando e com um banho de inovação. Tem a questão da telemedicina e estamos fazendo coisas que não condiz com uma cidade cosmopolita e admirada pelo mundo. Mas tem que ser admirada pelos que aqui vivem, em primeiro lugar.

Então, essa linha da chamada atividade de saúde de excelente gestão e plano integrado é imprescindível que aconteça. Mas, tem uma outra linha que é fundamental e muito atual que é a chamada ação de saúde preventiva. Você está tratando da saúde e não esperar que surja a doença ou o doente. Então, ação preventiva é uma das grandes riquezas que você tem, nesse cuidado com o ser humano na atenção da vida saudável. Significa, por exemplo, você compreender bem-estar. Por isso hoje, todos os conceitos conectam saúde e bem-estar. Tem muitas coisas que não tendo bem-estar, geram problema de saúde. Até porque, grande parte dos problemas somáticos vem do psico. Eles começam no psico e se transformam num problema somático.

Um exemplo é a própria depressão. Pela primeira vez na história da raça humana, crianças estão com doenças que antes eram só de adultos. Eu tenho como prefeito, a obrigação de trazer isso com os pais, as crianças, os jovens que nós somos o que comemos, em grande parte. A saúde tem uma relação com a comida que come, a água que bebe, o ar que respira, com as relações humanas, comunitárias. Agora, como ter bem-estar físico se os bairros não tem um espaço para atividades físicas, de convivência, de relacionamentos? É como se a cidade ficasse só olhando as Cataratas e suas costas, estão aonde? É preciso ter a riqueza de virar-se, olhar pelos 360º e fazer uma cidade bendita.

Centro de Convenções
É evidente que o que mais precisamos em Foz do Iguaçu são espaços de eventos e espaços culturais. O Centro de Convenções, no conjunto de várias outras iniciativas, ele tem que ter a sua primazia. Nos mesmos moldes atuais não, porque quase todos os hotéis tem centros de convenções. Agora preciso ver como faço disso uma grande escola para habilitar aos empregos do século 21. Agora posso fazer com que o Centro de Convenções seja a grande escola de aprendizado para que possamos estimular inovações de micro e pequenas empresas, empreendedorismo dos jovens, de meia idade ou terceira idade. De forma que possamos alavancar as cadeias produtivas locais.

Segurança Pública
O prefeito não pode ser uma presença secundária na segurança. Por isso, a capacidade do prefeito é de ajudar a articular as polícias todas. A Federal, Civil, Militar, Verde, a Guarda Municipal. No que diz respeito a GM, onde o prefeito tem mais autonomia, é preciso uma integração dessas ações e que a GM tenha o melhor núcleo de inteligência na área de segurança de qualquer cidade brasileira. E dialogar com as outras polícias que também têm seus centros de inteligência e muitas vezes não têm diálogo suficiente. Mas também temos que pensar na segurança comunitária. A polícia de proximidade. Aquele policial que é quase um vigilante que, ou é do bairro ou tem ligação com o bairro. Com isso, ele tem um relacionamento com os que ali vivem. Ele não é nem olhado como policial, é olhado como um dos nossos que, por sinal, está fazendo segurança. Isso condiz com o guarda local, somado com a questão macro da própria segurança.

Ouça a entrevista completa:


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